Eu tinha achado o lugar perfeito. Era aberto, não ventava, poucas pessoas passavam e era de frente para o jardim. Peguei o Sartre, para finalmente terminá-lo, mas ouvi uma música. É bem sabido que eu não sou apaixonada por flautas, mas aquela melodia foi desleal. Fechei o livro, não tinha como continuar, estava apaixonada por ela, completamente perdida nela e em suas notas delicadas, doces.
Sem demora descobri sua fonte: ZUZA, um rapaz da classe do Rafa, mas meu amor durou pouco. Um segurança fê-lo parar de tocar.
Voltei-me ao Sartre, triste, e o terminei. Ela não saía de minha cabeça, a melodia. Ele voltou a tocar e, de novo eu estava apaixonada; dentro do surreal, do limiar.
Foi então que eu achei. Achei-o novamente, quase como que em carne e osso. Havia achado Richy, vivo, mais do que vivo, dentro de mim. E estava aqui há tanto tempo, tentando chamar minha atenção, e por todo esse tempo estava amarga, cega.
Sorri com verdade, após um longo tempo. Voltei meus olhos para o jardim e vi uma borboleta, sempre as borboletas.
Sempre fiquem perto das borboletas.